O Telegram parou de funcionar em território nacional, nesta quinta-feira (26), após decisão da Justiça Federal que determinou a suspensão temporária do aplicativo de mensagens. A decisão veio após pedido da Polícia Federal acusar o mensageiro de não entregar todos os dados solicitados para uma investigação sobre grupos neonazistas que se organizam no aplicativo
Motivo da suspensão do aplicativo
De acordo com despacho da 1ª Vara Federal de Linhares, no Espírito Santo, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) solicitaram ao Telegram dados pessoais dos integrantes do canal “Movimento Anti-Semita Brasileiro” e do chat “卐 Frente Anti-Semita 卐”.
De acordo com reportagem do G1, os investigadores identificaram que o adolescente de 16 anos, responsável pela morte de quatro pessoas e mais de dez feridos em duas escolas de Aracruz (ES), em novembro de 2022, tinha contato com grupos antissemitas no aplicativo. A empresa teria cumprido “parcialmente” o pedido das autoridades, entregando apenas os dados do administrador de um dos dois grupos, conforme o despacho da Justiça Federal.
O que acontece com o Telegram agora?
Sem a colaboração da empresa, o aplicativo foi tirado do ar. Apesar de, inicialmente, uma das recomendações da justiça era retirar o Telegram das lojas de apps como Google Play Store (Android) e da App Store (iOS), o ícone segue por lá, sendo possível baixar o aplicativo normalmente.
Ao tentar usar, no entanto, o usuário não consegue, pois o app mostra uma eterna mensagem de “conectando”, sem nunca concluir a conexão. Para o aplicativo voltar a funcionar, a empresa deve colaborar com os órgãos federais e atender as solicitações. Dessa forma, poderá ter uma ordem emitida desfazendo a suspensão.
Na noite desta quinta, o diretor-executivo do Telegram, Pavel Durov, afirmou que vai recorrer da suspensão ordenada pela Justiça no Brasil. De acordo com Durov, os dados solicitados são “tecnologicamente impossíveis de serem coletados” e ele prometeu lugar pela privacidade de seus usuários. Vale ressaltar que, a Justiça determinou uma multa de R$ 1 milhão de reais para cada dia que o app não colaborar integralmente com a investigação da PF.
Não é a primeira vez
Essa não é a primeira vez que o aplicativo é bloqueado no Brasil. Em 2022, o ministro Alexandre de Moraes, determinou o bloqueio do app em todo o país também a pedido da PF, uma vez que a empresa não estava colaborando com as investigações ao não responder à solicitação para apagar perfis ligados ao bolsonarista Allan dos Santos. O bloqueio durou apenas dois dias.
Além do Brasil, o app de mensagens já foi bloqueado em pelo menos 10 países.
Paulo Paolucci
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