Falhar pode ser uma solução para os bloqueios criativos

Sempre tratei os bloqueios criativos como momentos em que “ok, preciso de uma pausa, agora não vai sair nada”. E, com isso, acabava levantando da cadeira, dando uma volta pelo ambiente, fazia qualquer atividade que aparecesse pela frente. Isso era ruim? Não necessariamente. Aliás, muitas vezes, conseguia ter algum insight. Porém, em outras, lutava arduamente com a tentação da procrastinação. Vamos lá, procrastinar é ótimo para sair da zona de conforto, abrir brechas num pensamento fixo, etc. Mas, na vida real, os prazos estão no topo da lista, batendo em nossas portas. Vou contar o que deu certo para mim.

Então, como não era toda vez que podia me dar o prazer de sentar em um gramado e pensar: “qual a melhor forma de comunicar sobre tal questão?”, precisava encontrar uma forma eficiente de produzir. Tirar aquela tela em branco da minha frente e começar a colocar letrinhas ali. E, ainda mais desafiador, fazer isso sem cair no lugar-comum. Ou seja, sem ser mais um no meio de tantos. Quem nunca se sentiu assim?

Uma dica simples que pode desbloquear a criatividade

Aí, depois de tanto brigar comigo mesma, participei de uma palestra pequena, feita apenas para colaboradores. O tema, nos dias de hoje, não poderia ser diferente: como fazer a gestão do tempo. Bom, essa era uma dor que, igualmente, fazia parte do meu cotidiano. Talvez por ter que esperar o momento mágico da criatividade e adiar as demais tarefas. E, nesse pequeno evento, consegui me libertar do que tanto estava bloqueando minhas atividades. O medo de errar.

Como era uma palestra sobre gestão do tempo, recebemos várias dicas muito válidas para organização. Por exemplo, anotar e distribuir as tarefas por dias da semana, ter sempre um papel e caneta por perto, etc. Mas meu “clique” veio no que pode ser uma obviedade: se você acha que está com bloqueio criativo, bom, esqueça isso e apenas comece. De qualquer jeito, do pior modo que considerar, mas não tenha medo de errar. Dê o primeiro passo.

Entendo que falar sobre isso é infinitamente mais fácil do que colocar em prática. Mas tente uma só vez e verá que se tornará algo simples. O que fiz? Quando pensava “não faço a menor ideia da forma mais atrativa de começar isso” ou “isso não vai render tanto”, simplesmente ignorava e partia para a ação. O que eu estava me permitindo era, justamente, errar. Sim, poderia começar com o que considerava errado. Sim, você não precisa de 100% de certeza para começar.

O medo de errar é seu maior inimigo

Como a jornalista Heidi Scrimgeour afirma, em seu artigo sobre errar no processo criativo, o medo é um grande inibidor. Ela explica que é, de fato, muito difícil conseguir chegar ao melhor resultado criativo enquanto sua mente está ocupada com o medo de fracassar. Ela apresenta uma conclusão semelhante que a da palestra que presenciei: quem sabe, o melhor remédio é pensar menos e criar mais. A questão está em sentir medo, mas fazer de qualquer forma. Em reconhecer o que está sentindo, mas saber que para criar é preciso deixar brechas para errar. Abraçar a possibilidade de cometer um erro. Encará-lo como parte do processo, uma aquisição de conhecimento.

Ser criativo não é uma ação confortável. Estar incomodado e sentir-se bem com isso é o que faz a criatividade fluir. Para fazer algo novo, é normal experimentar o “ops, talvez não seja certo”. Mas o certo é somente mais do mesmo, o que já existe. E, na verdade, pode ser que esteja cometendo um erro. Um daqueles que será a ponte para ultrapassar fronteiras, prender a atenção, atrair pessoas, etc.

O erro pode ser a solução para bloqueios criativos. No meu caso, sentar na cadeira e encarar o inimigo olhando nos olhos, com um pouco de exagero nesta parte, funcionou muito bem. O mais surpreendente é que quando termino um artigo, um post ou qualquer conteúdo, uau, vejo que era aquilo que estava buscando! Apesar de “simplesmente começar”, no final, vem aquela sensação “ué, ficou bom dessa forma!”. O contrário acontece também. Mas consigo ver o que estou repetindo, o que parece clichê, se estou com algum vício de linguagem. Enfim, tenho uma estrutura para trabalhar e aperfeiçoar.

O que você está adiando por conta de um bloqueio criativo? Que tal começar agora mesmo e se permitir errar?


Por Paulo Paolucci
Divulga mais Brasil

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on linkedin